Efeitos do confinamento: como superar as consequências do Coronavírus?

Acha que os efeitos psicológicos do confinamento estão a afetar-te? Não sabes como enfrentar essa época de instabilidade? Descobre os segredos psicológicos para sair fortalecido.

21 JAN 2021 · Leitura: min.
Efeitos do confinamento: como superar as consequências do Coronavírus?

Segundo vários estudos em colaboração com universidades importantes do nosso país, a angústia da população aumentou 46% como resultado da crise de saúde e económica vivida pelo confinamento e pelo Coronavírus. Há diversos indicadores de que as consequências psicológicas do confinamento e do Covid-19 serão muito mais duradouras do que a doença contra a qual estamos a lutar.

O medo provocado pelo Coronavírus não só nos faz actuar de uma maneira que prejudica-nos, como mostramos neste artigo. Há também uma ampla variedade de exemplos de que existem mais sequelas do confinamento e deste vírus do que parecia à primeira vista. Apesar de toda a onda de pessimismo, é vital tentar manter uma postura positiva, tanto psicológica como profissionalmente.

Efeitos psicológicos do confinamento

Uma das consequências do confinamento que pudemos ver nas redes sociais, nas notícias e, inclusive, na nossa própria pele, são os efeitos psicológicos vividos em função dessa situação. Há casos em que essas sequelas do confinamento acabam não sendo detectadas, nem pelas pessoas mais próximas daquelas que sofrem com o problema. Ainda assim, há estudos que demonstram que aumentaram os casos de algumas das patologias psicológicas próprias da solidão e do isolamento, sobretudo, em jovens e em mulheres. Podemos resumir assim os principais efeitos psicológicos do confinamento:

1. Sentimento de irrealidade

Apesar de que pensar que o que está a acontecer é irreal e estranho seja uma sensação compreensível por causa dos efeitos do confinamento, a verdade é que sentir essa alteração momentânea da percepção de forma recorrente pode gerar certas sequelas. O sintoma mais comum é sentir-se desconectado de tudo o que está a tua volta, tanto dos objectos, como do entorno. Os sintomas percebidos em um sentimento de irrealidade são, principalmente:

  • Sentir que está dentro de um filme ou de um sonho
  • Perceber que está desconectado emocionalmente dos demais
  • Mudar a percepção do tempo e do entorno (senti-los mais distorcidos)

Nos casos mais extremos, essa percepção pode provocar um ataque de pânico.

2. Ansiedade pelo confinamento

A ansiedade é um dos problemas psicológicos mais comuns na nossa sociedade actualmente. Tanto que durante o confinamento, mais de 65% da população teve ansiedade. Os efeitos psicológicos experimentados durante esses dias são os seguintes:

  • Pensamentos negativos e ameaçadores
  • Preocupação em excesso
  • Sentimento de inferioridade
  • Sensação iminente de morte

3. Medo de ter a doença ou de perder os entes queridos

O medo é a sensação de perder o controlo, já que saímos da nossa zona de conforto ou de um lugar em que nos encontramos completamente seguros. Mas no caso do confinamento é bem diferente, o medo surge devido a um sentimento de falta de controlo e de instabilidade. Por causa dele, podemos chegar a sentir-nos mentalmente desestabilizados em muitos aspectos das nossas vidas.

4. Depressão e pessimismo

Outro dos efeitos psicológicos do confinamento e do Coronavírus é que nossa mentalidade se tornou muito mais pessimista. Isso acontece não só porque passamos mais horas fechados em nossa morada, mas também como consequência de um entorno cheio de más notícias e da instabilidade económica do país. Acabar com a mente cheia de pensamentos recorrentes e de negatividade pode levar ao aparecimento de uma depressão.

5. Irritação e raiva

Uma situação injusta pode fazer com que sintamo-nos irritados e bravos com o mundo. Ainda que a ira seja uma reacção natural do ser humano, quando muito intensa e recorrente, pode chegar a ser preocupante. Não apenas pelos efeitos psicológicos que ela tem sobre ti, mas também no teu entorno. Além disso, esse tipo de sentimento pode favorecer a intolerância ao stress e a tendência à frustração, fazendo com que essas emoções sejam um círculo vicioso.

Em todos esses casos, é imprescindível tomar o controlo das tuas emoções e sentimentos para não sofrer mais com as consequências psicológicas no confinamento. Sempre podes contar com a ajuda de um profissional da saúde mental via online para sair imune e fortalecido dessa situação.

Como superar o confinamento?

Mesmo vendo todos os sintomas do confinamento, deves saber que é possível sair fortalecido da crise gerada pelo Coronavírus. Tanto que, apesar de todas as consequências do confinamento, existem algumas habilidades psicológicas que podem ajudar-nos a superar esses momentos. Para isso, contamos com a ajuda do psicólogo Joan Ramón Soto Cifuentes.

1. Como podemos enfrentar melhor uma situação difícil por causa da pandemia?

As consequências da pandemia são inúmeras, a começar pelo impacto no serviço de saúde, a falta de recursos e profissionais qualificados, as demissões que afectaram incontáveis famílias… Tudo isso repercute no estado psicológico e emocional, abrindo as portas para o surgimento de quadros de ansiedade, depressão, baixa autoestima e fobias extremas ao contágio, medo de sair de casa, pensamentos obsessivos… A seguir, explico em detalhe alguns recursos que podem ser úteis na hora de combater esse tipo de problema:

  • Identifica os pensamentos automáticos e repetitivos

Identificar os pensamentos automáticos que nos angustiam e passar à acção. Foco-me na respiração e no presente, da forma mais consciente e precisa possível, tratando de buscar sempre o lado positivo das coisas, pois por pior que seja a situação, ele existe. Procura!

  • Adapta-te

Não és a única pessoa afectada, evita castigar-te e flagelar-te. Se podes mudar a situação, faça-o, mas sem estar a se queixar, para não entrar em um círculo-vicioso negativo. Cria novas rotinas, faça planos e não te acomodes. Sai da zona de conforto, mesmo que, inicialmente, seja incómodo ou doloroso. Renascer das cinzas, se chegaste ao fundo do poço, deve ser o teu objectivo.

  • Aproveita o tempo

Aprenda a colocar-te no lugar dos demais, deixa de centrar-te unicamente em ti, aproveita para relacionar-se mais e melhor com o teu parceiro/a, filhos, familiares. Partilha com os teus amigos, não te isoles. Conecta-te à internet, liga para conhecidos, dedica tempo a estudar e aprender algo que consideras interessante, reinventa-te, cuida da tua alimentação…

  • Aceita a situação

Todos e cada um de nós vivemos esse momento como podemos. Tenta tranquilizar-te, aprenda a meditar e aceita as dificuldades e limitações que te afectam nesse momento.

2. O que fazer se há um ambiente familiar nocivo durante o confinamento?

É bastante provável que durante o confinamento intensifiquem-se os desencontros e as discussões, criando um clima ruim no núcleo familiar, marcado por mudanças de humor, já que, de uma forma ou de outra, todos estão afectados emocionalmente pelas mudanças impostas pela pandemia. Estamos sendo bombardeados por um excesso de informação há meses, e em alguns momentos é quase insuportável. Porém, considerando que a pandemia está afectando todo o mundo, não deixes de pensar na sorte que tens por estar a  ler este artigo agora mesmo, pois há milhões de pessoas que neste momento não conseguem ter acesso nem ao indispensável para viver. Cuida das tuas coisas, das pessoas que fazem parte do teu círculo íntimo, valoriza e honra quem és, onde estás.

3. Como é possível proteger-se das consequências psicológicas do confinamento?

A melhor forma de proteger-se diante de uma situação tão caótica e que nos afecta emocionalmente e psicologicamente, passa por assimilar o que está a acontecer, tentar colocá-lo num contexto em que a aceitação e a protecção emocional sejam uma prioridade.

4. Como lidar com a perda e o luto neste momento?

A realidade actual é implacável e obriga-nos a passar por uma série de etapas de dor e sofrimento, provocadas pela perda afectiva, emocional ou pela perda física de uma pessoa querida. A mente não costuma diferenciar quando sentir dor, se esse sofrimento se refere à perda real de uma pessoa querida ou se ao luto provocado por uma separação, por exemplo. Em todos estes casos, há um intenso sofrimento emocional, e uma reacção de negação que se arrasta pelos primeiros dias; que depois vem seguida pela tristeza, desorientação, raiva e, finalmente, culpa; e, à medida que vamos passando por essas etapas do processo de luto, vamos recuperando nossa estabilidade emocional.

Lidar com o luto nos permite entrar numa fase de crescimento, reforçar nossa estrutura psíquica e emocional, o que nos oferece mais recursos para lidar com outras situações delicadas que irão surgir ao longo da vida.

Quem sabe da dor, sabe tudo.
Dante Alighieri

5. Como conseguir beneficiar-se do confinamento e da situação actual?

Diante das dificuldades, ser resiliente e conseguir fazer projecções de futuro com positivismo é o que vai mudar a nossa vida, ou parte importante dela. Esta atitude é o que consegue marcar um antes e um depois em determinadas situações.

Se sou capaz de enfrentar as dificuldades de peito aberto, sem fugir da realidade, se sou capaz de focar naquilo que quero alcançar, respeitando e aceitando as normas sociais e sanitárias, em pouco tempo serei capaz de encontrar algo de paz e alívio, e isso significa que algo mudou em mim.
Apesar das sequelas do confinamento, a capacidade de adaptar-se a novas situações e aprender das experiências é o que permite progredir em diversos aspectos.

 

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